Migalhas
Se fosse um pássaro ela voaria feliz e cantarolaria algo do
tipo: - Because I’m happy -
A leveza dela o
instigava. A forma como encarava a vida,
os sonhos e os problemas . Sobretudo quando a ouviu declarar:
“ Estar satisfeito é
não se contentar com elas, que servem ao chão, que caem sem perceber que não farão
falta, elas que são resto, que são sobra, que não são oferecidas a quem se quer muito, a quem se quer bem.
Migalhas de emoção , do mito de carinho, da lenda da atenção
“
Nessas horas ele, curioso e inteligente e sagaz e indagador, se
perguntava retoricamente achando que não encontraria resposta digna à altura de
satisfação:
“ Com o que ela tanto
se satisfaz? “
Ela, como se ouvisse e tivesse o peito estufado de certeza e
convicção, responde em alto e bom som:
Com meu Deus e Senhor.
Com a missão. Com a vida!
Com o sol. Com o mar. Com
pisar na areia descalça!
Com o céu. Com o vento
que bagunça meus cabelos quando a
velocidade é maior que 100km/h!
Com as risadas que dou
e que entrego a quem quer rir também.
Com os meus.
Meus de sangue, meus
de escolha, meus da alma.
Meus roteiros, meus
destinos, meus escritos, meus ouvidos.
Meus desesperos, meus
choros, meus medos.
Meus mistérios, meus
rodeios, meus esforços, meus almejos.
Meus manjares, meus
néctares, meus cheers “
Vagamente um pensamento ligeiro, feito um vagalume assustado,
paira sobre o pensar dele:
“ Verdade... Pra quem
tem muita fome, migalhas podem solucionar “
Pensamento apagado pela simples frase dita por ela:
“ Nessas horas agradeço por estar saciada “