5a Feira
Ela achou que jamais reconheceria o amor. Também pensou que,
se chegasse, ele chegaria pomposo, num cavalo branco e numa noite de cristal. Mas
estava apaixonantemente enganada.
O amor chegou no cotidiano, numa tarde de 5ª feira, num trânsito
cosmopolita e consequentemente caótico, o dia da semana onde estamos tão
cansados quanto 6ª mas ainda não podemos descansar, simplesmente porque ainda
não é 6ª.
Na 5ª feira ela sabia que era ele porque, apesar do cansaço,
se encontrou sorrindo, exageradamente, sozinha sem saber ao certo os porquês. Passou
a achar sentido em frases como essa, tão cafonas e clichês.
Era o amor porque ele não deixava espaço para que fosse
outra coisa. E ela, misteriosamente, sabia que podia esperar que fosse amor.
Finalmente era ele porque aquecia o coração. E porque não era
um encontro solitário mas de dois.
Na 5ª feira ele chegou e foi ficando até que todos os outros
dias do calendário da vida ficassem coloridos ao invés de gris. Ela descobriu
que o amor vinha com uma caixa de lápis de cor.
O amor dela deixava ela sem folêgo. O amor dela fazia a
gravidade perder seu poder legislatório e mesmo em 180º era montanha russa lá dentro da alma.
Era amor porque ele, como nunca antes quis com outras elas, queria cuidar dela. Como se fosse uma fórmula, ele queria decorar
ela. Ele a desejava. Ela e todas as nuances que ela conjugava. Com toda loucura
e sorte de brios e defeitos. Ele sabia que era ela o alvo do seu amor.
Simplesmente porque era ela. Talvez ele não soubesse dizer porque aquilo o magnetizava
tanto. Era ela a mais bela e ele o mais feliz por poder ter ela.
Nessa tarde de 5ª feira o amor os unilateralizou. Eles que
em caminhos paralelos estavam mas agora não mais. Agora era caminho sobreposto.
Agora era um. Agora era amor.
Na 5ª feira o amor chegou e eles, como se fosse 6ª, descansaram. Sorriram como se não merecessem experimentar o descanso dos finais de semana e agradeceram porque estavam apaixonadamente enganados.
Na 5ª feira o amor chegou e eles, como se fosse 6ª, descansaram. Sorriram como se não merecessem experimentar o descanso dos finais de semana e agradeceram porque estavam apaixonadamente enganados.
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